1 de Fevereiro de 2008
22:30
Os "bonecos da Igreja" foi a primeira expressão atirada ao ar e que ouvi ao chegar à "nova" moradia por quatro dias e que me fez rir desalmadamente. Não era caso para tanto mas no Carnaval ninguém leva a mal. Sem dúvida, que já não há santos mas "bonecos" e nós éramos, também, quatro bonecos de carne e osso prontos para as danças do Carnaval com cheirinho à freguesia que nos chama para perto da pequena serra.
O primeiro bailinho foi o da casa, isto é, o da Serreta, que me encheu de felicidade a que juntei à felicidade que já tinha junto de mim. Senti uma emoção especial e estava perto das pessoas da freguesia que me conhece nem que seja por ser dali natural. Houve até uma residente que me disse: "Nunca esqueces a Serreta." - É verdade! Quem pode esquecer o seu berço!? Só mesmo quem tem coração duro.
Pese embora as cadeiras também serem duras, aguentámos sentados longas horas de divertimento e riso. Perto de nós estavam uns vizinhos da casa que nasci. Uma dessas pessoas é uma senhora que sempre nos mostrou ter uma força interior muito especial. Sobreviveu a tempestades, a dores e penas. Foi sempre uma mulher de coragem, uma referência na freguesia, uma lutadora e muito trabalhadora. Ao pé dela ninguém consegue ficar triste porque ela anima quem quer que seja com aquele ar risonho mesmo que por dentro possa estar noutra fase.
Nunca lhe disse, mas teve um tempo que senti vontade de ter uma mãe assim, sobretudo naquela idade das interrogações. Agora, neste Carnaval, fiquei feliz de estar ali perto dela porque me fez lembrar da minha mãe que não fez mais por mim porque cedo ficou incapacitada.
O amor não se mede mas tem-se. O amor sente-se quando se quer bem.
Vê-se que esta senhora nutre grande amor pela família e transmite alegria e boa disposição aos circundantes. Os seus cabelos já estão grisalhos mas o seu riso continua igual e reconheço-o mesmo de olhos fechados. E muito rimos com alguns assuntos das danças e bailinhos que passaram pelo palco do renovado salão da Sociedade Filarmónica Recreio Serretense.
Nunca lhe falei desta simpatia que nutro por ela e pelo bonito nome que ela tem: - Ernestina!